Foi encontrado na manhã de terça-feira o corpo de Pe. Gisley, assessor nacional do Setor Juventude da CNBB. Ele foi assaltado ontem quando saía do prédio da CNBB em Brasília, por quatro jovens, que o executaram com três tiros na cabeça.
Segue o relato do Pe. Alex, responsável pelo setor juventude da arquidiocese de Curitiba: Eu conheci o Gisley em 2006... Desde lá, percebia o amor, a garra e a força que dava aos jovens do Brasil todo. Foi fruto de seu esforço o crescimento e a implantação do Setor Juventude em muitas dioceses do Brasil, inclusive Curitiba.
Sinto uma dor profunda... Ele estava realmente comovido com a causa dos jovens, vítimas de violência pelo Brasil a fora. Em conversa pessoal comigo, disse que era seu sonho incentivar uma campanha nacional para marcarmos o lugar onde cada jovem é assassinado com uma cruz vermelha... Queria denunciar silenciosamente a dor dos jovens que morrem vítimas da polícia... vítimas do tráfico... vítimas de outros jovens...
E ele foi um deles. Gostaria que o DNJ deste ano, cujo tema é "Juventude em marcha contra seu extermínio" fosse um grito de BASTA. Que o sangue do Gisley, com seus 31 anos, 4 de ministério dedicado à juventude brasileira não seja em vão.
"Onde está o teu irmão? Escutei a voz do seu sangue que clama da terra", disse Javé a Caim, após a morte de Abel. Onde está o Gisley? Onde estão as vozes dos mais de 17 mil jovens assassinados por ano no Brasil? Estão clamando porque nós cristãos estamos calados, vendo os jovens morrer e culpando os próprios jovens por isso. Eles são a "vida nua", vida que pode ser morta, e que não há quem chore por ela.
Nós maristas nos enlutamos por este acontecimento e reafirmamos nossa opção pelas “juventudes”. Que o exemplo de Gisley nos empenhe ainda mais nesta causa.
O Brasil e a Igreja perdem um defensor das Juventudes. Estes jovens que o assassinaram também são o grito, ainda que cruel, de uma juventude que perde o acesso e o sentido da existência.
(Mensagem do Ir. Adriano Brollo, coordenador do Setor Provincial da Pastoral)
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